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Segundo recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), a relação ideal de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é de 1 a 3 leitos para cada 10 mil habitantes. O Brasil apresenta a proporção de 2,2 leitos, o que é considerado satisfatório de forma consolidada. No entanto, análises mais detalhadas, segmentando os dados entre sistema público e privado, mostram por exemplo que o Sistema Único de Saúde (SUS) tem em média 1,4 leitos para cada 10 mil habitantes, contra 4,9 da rede privada, evidenciando a disparidade existente no acesso aos serviços de saúde.
Em nota técnica desenvolvida pelo Instituto de Estudo para Políticas de Saúde (IEPS), aponta-se que 32% das Regiões de Saúde brasileiras não possuem nenhum leito de UTI pelo SUS. Especificamente no Norte, região que abrange a Amazônia Legal, 22% da população unicamente dependente do SUS reside em locais sem leitos de UTI. Ainda enfrenta-se o desafio de que grande parte dos leitos disponíveis está concentrada em Regiões de Saúde específicas, geralmente nas regiões metropolitanas.
Segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), no início de 2020, só no Estado do Amazonas, de todos os leitos de UTI Adulto especializados no tratamento da COVID-19 pelo SUS, 68% estavam concentrados em Manaus.
Este cenário evidenciou a urgência da articulação de investimento na Região Norte, em conjunto com o setor público e com conhecimento na aplicação de estratégias coletivas para a sua superação. Para tal, Fabiana Peroni, consultora em Políticas Públicas e Gestão de Projetos com mais 18 anos de carreira nas áreas de Saúde Coletiva, Gestão e Planejamento em Saúde, foi convidada pelo Grupo +Unidos para somar ao time de desenvolvimento e execução do projeto de equipamentação dos serviços públicos na Região da Amazônia Legal, por meio do investimento da iniciativa PPA Solidariedade.
Com experiência em âmbito nacional, Fabiana também dedicou grande parte de sua carreira na interlocução e no desenvolvimento de projetos de saúde pública na região norte do país. A partir de suas vivências, como a sua contribuição no desenvolvimento do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRSX), atuação do Ministério da Saúde como consultora para o Estado do Pará e no desenvolvimento do planejamento estratégico da Secretaria de Estado da Saúde do Acre, pôde vivenciar de perto as dificuldades enfrentadas pelos, habitantes, gestores públicos e profissionais de saúde do território. Segundo Fabiana, “é muito comum na nossa área falarmos de descentralização, da necessidade de organizar os serviços em rede garantindo acesso e eficiência. Quando olhamos para a região norte do país os desafios são enormes, agravados pelos indicadores sociais, econômicos e pelas grandes distâncias geográficas, difícil até de descrever. É preciso conhecer essa realidade, viver alguns desses desafios para de fato contribuir com políticas públicas adequadas à realidade local”.
Este conhecimento foi o ponto de partida para o projeto e guiou todo o mapeamento desenvolvido para a realização da proposta direcionada ao investimento de leitos de UCI e de Suporte Ventilatório para o estado do Amazonas. “A falta de leitos preparados para o atendimento de pacientes com Covid trouxeram luz a uma realidade enfrentada há muitos anos neste território, mas que com a presente crise sanitária ficou ainda mais evidenciada. Diante deste cenário, se faz fundamental trabalhar em parceria com o setor público para planejar uma intervenção que se some aos esforços públicos, ou seja, que a atuação seja direcionada para ampliar a atuação governamental e que deixe legado para o território beneficiado”, relata Fabiana.
Para consolidar a parceria e implementação de leitos e equipamentos hospitalares, foi necessário contar com o apoio do poder público e, portanto, é pertinente destacar o envolvimento e articulação realizados com as Secretarias de Saúde e de Descentralização e Regionalização Assistencial do Interior, representadas por Rita Almeida, Enfermeira de formação e especialista em Gestão de Saúde, com mais de 20 anos de atuação na saúde pública amazonense que, atualmente, ocupa o cargo de Secretária Executiva Adjunta de Descentralização e Regionalização Assistencial do Interior.
Com a expertise de ambas as especialistas, foi possível compreender a importância do investimento não somente para o combate contra a Covid, mas também para o benefício a longo prazo na saúde pública do estado do Amazonas. Rita aponta “que a instalação dos leitos, além de auxiliar nesse momento, será vista como uma herança para os cidadãos residentes nesses municípios”, tendo em vista que a instalação dos leitos gerou um aumento de 61% da capacidade de atendimento destes municípios.
Os impactos do projeto vão além da ampliação do acesso em áreas remotas, o que por si só representa muito para o estado. A parceria trouxe aprendizados e dinamismos para a gestão pública, acelerando os processos de aquisição e logística de entrega, e foi uma forma do Grupo + Unidos de contribuir com o SUS deixando um legado pós pandemia e aumento da expertises na atuação com setor público.