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“UM BREVE RELATO SOBRE A MINHA AFIRMAÇÃO DE GÊNERO NA KPMG NO BRASIL”



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Estamos em 2018 e ainda demoro para acreditar que estou entrando no quinto ano da afirmação do meu gênero. Hoje (29/01) é o “Dia Nacional da Visibilidade Trans” e gostaria de compartilhar como foi me assumir na KPMG. Antes, todavia, preciso voltar um pouco para trás. Comecemos então falando do dia em que, enfim, assumi quem eu sou.

Foi em 2011 que vivenciei o meu primeiro ataque de pânico. Não tinha como compreender o que estava prestes a enfrentar. Gostava de pensar que era uma pessoa racional e que o pânico, representava um pico de stress natural do momento que vivia: ascensão em uma vida executiva, com os desafios inerentes de uma carreira internacional.

Porém, a situação se deteriorou de forma que ao final de 2013 eu me conscientizei de que necessitaria de ajuda especializada, dado que o que estava passando superava uma crise de stress. Neste momento, iniciei a psicoterapia e a minha jornada rumo ao autoconhecimento. Logo percebi que as minhas questões não guardavam relação com o âmbito profissional e tive uma clareza: eu não conseguia reconhecer a pessoa que era.

Com o tratamento, pouco a pouco fui dando voz ao meu eu que encontrava-se oprimido por tantos requisitos de conformidade social que eu me cobrava. Um ponto principal se destacou nesta etapa: eu voltei a escrever poesias, hábito que havia abandonado aos 18 anos. Uma curiosidade é que desde muito jovem eu já manifestava o hábito de escrever a partir do ponto de vista de uma mulher.

Em meus versos e nas sessões de terapia o feminino foi ficando cada vez mais intenso e claro. Até o dia em que, assistindo a um filme a minha ficha caiu (registre-se: o filme não tinha a menor relação com a temática LGBTQI+). E então, tudo começou a fazer sentido: sou uma mulher, transgênero e andrógina.

Mas como afirmaria o meu gênero no trabalho?

O ano era 2016. Eu, um executivo de sucesso ascendendo a diretoria e que carregava em meu íntimo uma enorme questão: como trataria da minha essência feminina na empresa em que trabalho? Não havia referências à minha volta, dado até aquele momento não tínhamos nenhum(a) profissional trans.

Foi então que recebi um convite para o primeiro encontro de diversidade da KPMG no Brasil, onde o sócio Ramon Jubels palestraria sobre o pilar LGBTQI+. Eu já havia visto o Ramon em publicações internas da firma tratando sobre a questão homossexual no mercado de trabalho. Porém, nunca havia abordado ele diretamente! Fiquei encantada com a palestra, e principalmente com a naturalidade e seriedade que tratou a temática.

Terminado o encontro, encaminhei uma mensagem para ele agradecendo a oportunidade de ouvi-lo tratar do tema com tamanha simplicidade e transparência. Foi então que recebi a resposta que mudaria, sem quaisquer exageros, o curso da minha vida: “Obrigado, sempre interessado em continuar a conversa”.

E continuamos a conversa. Com muito receio e quase sem conseguir me expressar, contei a ele que eu era uma mulher, que já havia iniciado a minha afirmação no âmbito pessoal, e que a minha identidade de gênero era clara e a minha expressão andrógina. Eu estava com receios e não fazia ideia como lidaria com a minha identidade em relação a minha profissão e a KPMG.

Para minha honesta surpresa fui acolhida, primeiramente pelo Ramon e posteriormente pela KPMG, que em pouco tempo passou a apoiar a minha afirmação de gênero sem quaisquer reservas. Aos poucos eu fui resgatando a minha identidade feminina até o momento em que já tinha certeza que não teria como não me assumir, afinal eu não estava me tornando a Danielle – eu sempre fui a Danielle.

Logo começaram os comunicados internos, contamos com a consultoria do Ricardo Sales e em um intervalo recorde de menos de um ano entre o meu diálogo inicial com o Ramon, a KPMG estava pronta para me reapresentar, desta vez como Danielle. Ainda, ao longo de 2017 foi criado o Grupo Voices, liderado pelo Ramon Jubels, e pilar LGBTQI+ do Comitê de Inclusão e Diversidade da KPMG no Brasil.

Poder ser quem sou, foi um dos maiores benefícios que pude conquistar. Não tenho palavras para agradecer a toda liderança executiva da KPMG por apoiar o meu processo de afirmação de gênero.

…e o que veio depois?

Eu me afirmei como a mulher que sempre fui. A minha expressão de gênero é andrógina, tenho orgulho e estou muito feliz com isso. Faço a afirmação do meu gênero até onde sinto que é necessário – não existe um jeito certo ou errado de ser transgênero. Existem necessidades diferentes. Eu não me hormonizei e também não ingressei com outros procedimentos. Porém, ao acolher a minha verdadeira natureza, algo profundo aconteceu que foi capaz de resgatar a minha essência por completo.

A minha identidade de gênero é quem eu sou. E para por aí. Do ponto de vista profissional, antes de ser transgênero sou uma executiva perfeitamente capacitada para executar as minhas funções, com formação e credenciais diversas e de primeiro nível, e com ampla experiência e bagagem, que permitem que eu seja a profissional que sou e entregue com excelência e qualidade os serviços da KPMG.

O caminho foi fácil? Claro que não! Mas não havia alternativas, visto que eu não tenho como negar quem eu sou.

Termino o meu breve relato com uma reflexão. Ao longo da minha vida eu nunca manifestei com intensidade a sensação de não pertencer ao meu corpo. O meu questionamento sempre foi:

Por que eu não poderia ser tão simplesmente quem eu sempre fui?

Registro os meus mais sinceros agradecimentos a todos que me acolheram nesta jornada.

* * *

A volta, por Danielle Torres
Voltei! | por que voltou? | porque tinha que voltar, para me encontrar
Voltou? | sim, sem motivo | apenas por voltar
Falhou? | apenas voltei | por sentimentos | mais do que matéria
Encontrou? | sim, encontrei | sou livre…
posso até voltar

* Danielle Torres é sócia-diretora da área de seguros da KPMG no Brasil. Esse relato foi inicialmente publicado em sua página do Linkedin

Fonte: http://epocanegocios.globo.com

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